
Comunicação Não Violenta: como garantir resultados sem abrir mão da empatia e humanidade no ambiente corporativo
Uma das maiores dificuldades do ambiente corporativo – dos pequenos aos grandes negócios – é alinhar a performance com a “humanidade”.
Muitas empresas acabam abrindo mão de sua vulnerabilidade, sensibilidade e empatia para alcançar melhores resultados no desempenho de seus colaboradores, o que tende a criar um ambiente agressivo e nocivo, prejudicando não só a relação intrapessoal dos profissionais dentro dele, como também a construção dos relacionamentos interpessoais.
A rigidez causada pela cobrança por performance pode desconectar o ambiente de habilidades fundamentais que garantem o caráter humano de uma organização, como a empatia e a inteligência emocional.
Dentro deste cenário, os indivíduos acabam abdicando de sua autenticidade e sensibilidade, criando barreiras no diálogo, na comunicação e na troca que sustenta as relações e os bons resultados.
A Comunicação Não Violenta é uma abordagem rica em práticas que nos auxiliam na reconexão com nossos sentimentos, necessidades e autenticidade humana. E a autenticidade, por sua vez, garante uma cultura de melhores resultados alinhada à empatia.
Aplicando os princípios da Comunicação Não Violenta no ambiente de trabalho da sua empresa, você pode conseguir resultados ainda mais efetivos e humanamente sustentáveis. Quer aprender como?
A seguir, veremos alguns dos princípios que devem ser ressignificados dentro da cultura da sua empresa para que a Comunicação Não Violenta se faça possível.
A VULNERABILIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO
Não é à toa que temos tanta dificuldade de sermos autênticos no ambiente corporativo.
Ser autêntico é uma forma de vulnerabilidade, porque nos coloca em contato com nossas verdadeiras emoções, sentimentos e necessidades. É através desse processo interno de reconhecimento, aceitação e amadurecimento da inteligência emocional que podemos melhorar nossa comunicação.
Se já não sabemos como comunicar nossos sentimentos dentro de ambientes confortáveis e afetivos, menos ainda seremos capazes de fazer isso no ambiente de trabalho, afinal, alimentamos a crença limitantes de que “profissionais” não devem demonstrar fraquezas, emoções e vulnerabilidades.
Para se comunicar melhor e com mais empatia dentro da sua empresa, você vai precisar ressignificar essas crenças limitantes e abrir mão do medo de ser vulnerável. A Comunicação Não Violenta tem como proposta estimular essa forma de expressão emocional, afetiva e compassiva, que acolhe as pessoas como seres humanos acima de qualquer coisa.
Em alguns momentos, é possível que você se sinta “fraco” ao exercitar a Comunicação Não Violenta. Mas quanto mais próximo você estiver de se sentir como se corresse nu em público, mais perto você estará do caminho certo. Essa abertura, transparência e vulnerabilidade é o que vai te conectar profundamente com a empatia e a amorosidade sobre si mesmo, a ponto de se estender para o seu relacionamento com o outro.
A CULPA NO AMBIENTE DE TRABALHO
Quando temos espaço para sermos vulneráveis, já não precisamos mais nos esconder por trás do julgamento e da culpa.
De que forma a culpa tem nos prejudicado no ambiente de trabalho?
A culpabilização dificulta a empatia, a escuta e a troca entre as pessoas. Evidentemente, uma vez que as empresas são feitas de pessoas – e para pessoas -, devemos ressignificar o julgamento e a culpa para que sejamos capazes de construir relacionamentos interpessoais mais sustentáveis, permitindo uma maior conexão entre as pessoas.
Essa conexão é o que vai fortalecer os vínculos e o alinhamento do seu time. Para além disso, o processo de ressignificação de crenças limitantes pode também inspirar uma cultura de maior confiança e abertura entre os membros da sua empresa.
Somos limitados por dois tipos de culpabilização:
- Culpamos a nós mesmos: em outras palavras, levamos tudo para o pessoal e achamos que todas as críticas, desentendimentos e conflitos são fruto da nossa incapacidade e insuficiência, acabando por nos tornar extremamente autocríticos e autopunitivos mesmo quando o erro não foi nosso.
- Culpamos os outros: aqui, invertemos e distorcemos todas as situações para fugir da responsabilidade e jogar a culpa nos outros, criando barreiras para qualquer possibilidade de diálogo ao anular os sentimentos e necessidades das outras pessoas.
Mas a verdade é que independente do tipo de culpa que você traz para os seus diálogos e relacionamentos, menos empatia e efetividade na comunicação será possível.
A culpabilização é nada menos que uma forma da gente fugir da verdade, porque temos medo de sermos autênticos em todos os sentidos: seja admitindo nossos erros ou tendo que reconhecer os erros do outro.
AS NECESSIDADES UNIVERSAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO
Estamos acostumados a olhar apenas para as nossas necessidades, e cá entre nós, nem mesmo quando o assunto são as nossas próprias necessidades nós temos o costume de identificar, reconhecer e acolher.
A Comunicação Não Violenta parte do princípio de que os seres humanos possuem necessidades universais.
Com isso em mente, Marshall Rosenberg, criou uma lista das necessidades universais que está presente em todas pessoas – estejam elas sendo atendidas ou não.
Quando nossas necessidades não são atendidas, reagimos através de nossos sentimentos, que são expressados, em geral, por uma comunicação violenta.
Comunicamos o tempo todo nossas necessidades, o único problema é que não sabemos como reconhecê-las e comunicá-las de forma eficaz para que o outro entenda.
Toda comunicação é um pedido. Estamos constantemente pedindo para que nossas necessidades pessoais sejam atendidas, e o trabalho da Comunicação Não Violenta começa pelo processo de autoconhecimento e identificação das necessidades que estamos tentando comunicar.
Abaixo, alguns exemplos das necessidades que foram listadas por Rosenberg em seu livro a respeito da Comunicação Não Violenta:
- Autonomia
- Aceitação
- Admiração
- Consideração
- Segurança
- Pertencimento
- Respeito
- Proteção
- Estabilidade
- Independência
- Cuidado
- Bem-estar
- Prazer
A CNV NO AMBIENTE DE TRABALHO
Uma vez que já sabemos como reconhecer as necessidades implícitas na nossa comunicação, podemos aprender a comunicá-las da melhor forma possível.
Quer aprender a aplicar a Comunicação Não Violenta no seu ambiente de trabalho de forma consciente partindo de todos esses princípios?
Nos próximos artigos, nos aprofundaremos nas práticas da Comunicação Não Violenta e sua implementação mais efetiva no ambiente corporativo.