
Comunicação Não Violenta: como fazer pedidos mais eficazes no trabalho para comunicar suas necessidades
Já falamos aqui sobre como garantir resultados sem abrir mão da vulnerabilidade no ambiente corporativo e compreendemos alguns dos princípios mais importantes da abordagem da Comunicação Não Violenta (CNV).
Marshall Rosenberg, idealizador e fundador da CNV, propõe mais um princípio e elemento da prática comunicativa que é fundamental para a prática dessa abordagem, e é sobre esse novo elemento que falaremos hoje, com o objetivo de utilizá-lo como ferramenta na comunicação corporativa.
A Comunicação Não Violenta nos ensina a escutar com mais empatia, identificando e compreendendo os sentimentos e necessidades das outras pessoas de forma mais profunda para aplicar práticas de comunicação humanizadas e mais efetivas.
Mas não para por aí: além de nos guiar pelos passos da escuta e da compassividade, a CNV nos ensina a fazer pedidos mais eficazes, comunicando também as nossas necessidades individuais, com o intuito de cocriar ambientes corporativos de maior conexão, alinhamento e desempenho.
A chance de termos nossas necessidades e urgências atendidas cresce significativamente quando aprendemos a fazer pedidos mais eficazes.
Pedidos mais claros e específicos garantem o entendimento e o alinhamento na comunicação interpessoal. Mas dependem também da clareza que temos acerca de nossos próprios sentimentos e necessidades, ou seja, é preciso saber identificar suas próprias necessidades para comunicar aquilo que você precisa para o outro.
FAZENDO PEDIDOS COM A CNV
Vamos supor que você esteja vivenciando situações de extremo incômodo, nas quais é “cortado” frequentemente por um colega de trabalho. Aparentemente, ele nem sequer nota que está te cortando, ou simplesmente não se importa com este fato. Você se sente desrespeitado, acredita que este colega está rejeitando ou subestimando suas ideias e, por isso, te corta, afinal “ele não quer saber o que você tem a dizer”.
Percebemos neste caso uma necessidade clara de ser escutado e de ter suas opiniões respeitadas e reconhecidas. Mas como comunicar isso para o seu colega de trabalho?
Tudo começa pelo diálogo, é claro, mas aqui é importante também “como” você aborda esse diálogo e as palavras que utiliza para expressar sua necessidade e fazer um pedido eficaz e consistente ao outro.
A maioria das pessoas reagiria com a seguinte frase: “Você está me desrespeitando”.
Mas a reatividade é inimiga da verdadeira e efetiva comunicação. Especialmente na Comunicação Não Violenta, que propõe um diálogo empático e humanizado, partindo dos sentimentos e necessidades dos indivíduos.
Seguindo essa lógica, devemos começar expressando ao outro aquilo que sentimos e qual a atitude que desperta aquele sentimento – que, neste cenário, é o ato do seu colega cortar a sua fala. Mais uma vez, é comum que as pessoas sugiram a seguinte abordagem:
“Eu me sinto desrespeitado quando você corta as minhas falas em público”.
Fica a reflexão: o que é respeito? Para você, o significado de respeito pode ser diferente do que o seu colega acredita que é respeito. E, no final das contas, “desrespeitado” não é um sentimento real, além de expressar claro julgamento. Se você está sendo desrespeitado, é porque o outro está te desrespeitando.
Percebe o que acontece nesse caso?
Ao julgar e colocar a culpa no outro, você pode acabar despertando uma resposta reativa e/ou defensiva. Portanto, uma das opções recomendadas seria expressar o que você sente sem atribuir culpa ou julgamento, e justificar porque esse comportamento do seu colega faz com que você se sinta dessa forma.
Veja o exemplo abaixo:
“Eu me sinto frustrado quando você corta as minhas falas em público, porque quero um espaço para expressar as minhas ideias e opiniões.”
A diferença é gritante, não é mesmo? Mas… Ainda não chegamos no pedido!
Uma vez que você já expressou o que te incomoda, deve fazer um pedido específico e claro do que você precisa para não se sentir mais assim. Segue abaixo o exemplo:
“Eu me sinto frustrado quando você corta as minhas falas em público, porque quero ter espaço para expressar as minhas ideias e opiniões. Gostaria que você tomasse mais cuidado para não cortar a mim e outras pessoas, escutando com mais atenção o outro e esperando a hora certa para expressar também as suas ideias e opiniões.”
Cheque com o outro como ele se sente sobre isso, o que ele entendeu. Se sua mensagem ou necessidade não ficar clara, refaça seu pedido de outro modo utilizando outras palavras e tentando empatizar com a forma que você acredita que seu colega entenderia a mensagem. Sempre se comunicando com muita tranquilidade, sem julgamento e sem projeções pessoais ou tons de voz passivo-agressivos.
O PERIGO DAS FALHAS DE COMUNICAÇÃO
Não podemos esperar que o outro leia nossos pensamentos ou adivinhe o que esperamos dele. Também não podemos julgar ou culpar o outro por aquilo que não sabemos comunicar que precisamos.
A mesma dinâmica é válida dentro do ambiente corporativo.
A técnica que aprendemos neste artigo pode ajudar na hora de comunicar uma tarefa, feedback, erro ou qualquer tipo de diálogo empático entre duas ou mais partes dentro do ambiente corporativo. Aprender a fazer pedidos por meio da abordagem da Comunicação Não Violenta pode contribuir muito com a comunicação interpessoal dos seus colaboradores e, inclusive, entre a liderança e o time da sua empresa.
Compartilhe nos comentários experiências que você já vivenciou e que poderiam ter sido evitadas com a técnica de pedidos da CNV.